mais do darcy, em paris, 1954:
"Ocorre então um caso formidável, ao menos muito lembrado por mim. Conheci uma menina paulista de uns vinte anos que ganhara uma bolsa da Aliança Francesa. Lá estava ela fazendo de conta que estudava, isolada do mundo francês, vivendo na rive gauche, com um feio complexo de ser a única virgem da redondeza. Quis aliviá-la e saí mais de uma vez com ela, mas a danada não me dava. Ia até o seu quarto, bolinava, mas a certa altura ela me punha pra fora. Vi ali, pela primeira vez, como se deve usar um bidê, porque ela tinha aprendido e, em vez de usá-lo de costas, como faz a brasileira, ela montava a cavalo nele de frente para as torneirinhas. Achei bonito, ensinei a muitas amigas brasileiras o bom uso dessa peça indispensável à civilizada.
O caso que eu ia contar é que a paulistinha, já no meu último dia, prometeu que ia me dar e que até queria. 'Melhor que seja com você', me disse ela.
Mas ficou remoendo, não querendo tomar o metrô que ia para a casa dela. Afinal, tomamos o último metrô. Antes de tomá-lo, porém, a imbecil me empurrou para cima dos trilhos e eu me vi morto. Gritava e tentava subir, mas ela me pisava nas mãos. Subi afinal e lhe dei uma surra. Chegou então o metrô e fomos para a casa dela. Tudo aconteceu carinhosamente, como é devido." (p. 214-215)
"Ocorre então um caso formidável, ao menos muito lembrado por mim. Conheci uma menina paulista de uns vinte anos que ganhara uma bolsa da Aliança Francesa. Lá estava ela fazendo de conta que estudava, isolada do mundo francês, vivendo na rive gauche, com um feio complexo de ser a única virgem da redondeza. Quis aliviá-la e saí mais de uma vez com ela, mas a danada não me dava. Ia até o seu quarto, bolinava, mas a certa altura ela me punha pra fora. Vi ali, pela primeira vez, como se deve usar um bidê, porque ela tinha aprendido e, em vez de usá-lo de costas, como faz a brasileira, ela montava a cavalo nele de frente para as torneirinhas. Achei bonito, ensinei a muitas amigas brasileiras o bom uso dessa peça indispensável à civilizada.
O caso que eu ia contar é que a paulistinha, já no meu último dia, prometeu que ia me dar e que até queria. 'Melhor que seja com você', me disse ela.
Mas ficou remoendo, não querendo tomar o metrô que ia para a casa dela. Afinal, tomamos o último metrô. Antes de tomá-lo, porém, a imbecil me empurrou para cima dos trilhos e eu me vi morto. Gritava e tentava subir, mas ela me pisava nas mãos. Subi afinal e lhe dei uma surra. Chegou então o metrô e fomos para a casa dela. Tudo aconteceu carinhosamente, como é devido." (p. 214-215)
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